Açores com 8,12 milhões de anos


Foi há mais de 8,12 milhões de anos, na proximidade da Crista Média Atlântica (CMA), que o vulcanismo deu origem aos Açores. Estão patentes em todas as ilhas, com maior ou menor visibilidade, empilhamentos de escoadas basálticas resultantes do vulcanismo fissural inicial.

A morfologia e as características das formações rochosas de cada ilha traduzem a sua história geológica. As marcas do tempo permitem tirar conclusões acerca das alterações poleoclimáticas, da predominância do vulcanismo sobre a erosão, ou vice-versa, e da actuação da tectónica, que condicionou a formação de cada uma das ilhas e que posteriormente as afectou. A configuração das ilhas, os alinhamentos dos cones vulcânicos, a direcção dos filões que atravessam várias formações litológicas, os descolamentos que afectam as crateras e os depósitos vulcânicos evidenciam a influência da tectónica na génese e evolução do Arquipélago. A presença de grandes aparelhos vulcânicos, com ou sem caldeiras, aponta para fases evolutivas distintas. A ausência de caldeira indicia um período inicial da evolução dos estratovulcões, em que a câmara magmática subjacente não existe ou se encontra numa fase incipiente.

O povoamento do Arquipélago dos Açores ocorreu em meados do século XV e, desde então, já se registaram cerca de 26 erupções, subaéreas e submarinas. Os estilos eruptivos foram bastante diversificados, variando entre os tipos hidromagmático, estromboliano, havaiano e pliniano a sub-pliniano. A maior parte das erupções históricas subaéreas caracterizaram-se por apresentar um Índice de Explosividade Vulcânica (IEV) baixo a médio. Os mecanismos eruptivos foram predominantemente dos tipos havaiano e estromboliano, associados a lavas básicas de baixa viscosidade. Há a salientar, no entanto, as erupções de 1439 (Sete Cidades), de 1563 (Caldeira da Lagoa do Fogo) e de 1444 e 1630 (Caldeira das Furnas), todas na ilha de S. Miguel, por terem apresentado características de grande explosividade decorrentes do facto de estarem relacionadas com magmas muito ácidos e viscosos.A existência de vulcões potencialmente activos na maior parte das ilhas dos Açores, aliada ao facto do período de retorno da actividade vulcânica nalguns dos mais perigosos vulcões da Região ter sido há muito ultrapassado, exige que se implementem, cada vez mais, meios de monitorização eficientes que conduzam a uma melhor compreensão do comportamento dos vulcões em observação. Neste contexto, as técnicas de monitorização existentes ou a desenvolver incluem a vigilância sísmica - através de estações sísmicas digitais e acelerógrafos, análise de gases e de águas termais, medições microgravimétricas e de deformação de terreno, incluindo geodesia e GPS.


A Crista Média Atlântica é uma estrutura distensiva pura, sismicamente activa, que se estende de Norte a Sul do Atlântico, intersectada por falhas transformantes, de tendência geral Este-Oeste, que a fragmentam em inúmeros troços. Esta estrutura estabelece o limite entre a placa Americana, que se encontra a Oeste, e as placas Euroasiática e Africana, que se desenvolvem para Leste deste acidente tectónico (Meidav & Forjaz, 1983). As ilhas das Flores e do Corvo integram a placa Americana, a Oeste da CMA, ao invés das restantes, que se edificaram a Este daquela estrutura.

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