O poder destrutivo da água

Inundação de 1588
No dia 08 de Novembro de 1588, um temporal assolou a vila das Velas e inundou-a. Algumas pessoas morreram e houve grandes prejuízos pois algumas casas ficaram totalmente destruídas.
No jornal “Jorgense”, o dr. João Teixeira publicou os seguintes versos de um poeta da época.

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“Vejo muitas querelas dadas,
Indevidas, sem razão;
Vejo demandas dobradas.
Que foram bem escusadas,
Que é mais nossa perdição.

Em oitenta e oito d’era,
Mil e quinhentos passados,
Foi tempo que não devera,
Foi tal dilúvio na terra
Que andam os homens pasmados.

Aos oito dias andados
De Novembro se dizia,
“Houve casos desastrados”,
Correram grutas, valados,
Cada um qual mais podia.

Correram tais enxurradas
De água mui abundantes,
“Muitas casas derrubadas”,
“As mais belas alagadas”
“De todo até aos tirantes”.

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Na igreja principal
Entrou em tão grande lodeiro

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Inundação de 1606
Segundo alguns historiadores, a vila de Velas foi praticamente arrasada e destruída por causa de um incêndio e depois de um dilúvio. Tudo isto aconteceu entre os dias 12 e 16 de Fevereiro de 1606. As águas vieram do cimo da ladeira e trouxeram muitos detritos. Esta enxurrada estendeu-se por toda a vila sendo que, uma parte ficou soterrada e a outra transformada em grutas e abismos. A destruição foi tal que, era difícil chegar ao lugar de S. Pedro mesmo para quem ia a pé e na área da Piedade abriu-se uma levada. A água destruiu também um forte que existia abaixo das alcaçarias e, cuja pedra se aproveitou para recupera ruas e edifícios.
Duarte de Sousa conta no seu livro, “Ilha de S. Jorge, Apontamentos históricos e descrição topográfica” reeditado em 2003 pela Câmara Municipal de Velas, que: A Rua do Sacramento, a principal da vila, que dava a Nossa Senhora da Conceição, assim como a rua que ia da igreja maior para a mesma senhora, pelas quais passavam as procissões, foram entulhadas e obstruídas, tendo de abrir-se caboucos para restabelecer o trânsito e para o giro das procissões, por não haverem outras ruas para elas; e para se abrir passagem para a referida igreja da Conceição foi ainda preciso expropriar um pedaço de terreno a S. Lázaro pertencente ao mareante Martins Gonçalves.

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